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Retorno do Faraó do Bitcoin ao Rio provoca polêmica

Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó do Bitcoin”, voltou a ser preso no Rio de Janeiro, após quase dois anos no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Essa mudança parece ser definitiva.

Desde sua prisão, tem havido uma verdadeira dança entre as esferas do poder sobre onde Glaidson deveria cumprir sua pena. O advogado dele, Thiago de Souza Cardoso Lemos, afirmou que Glaidson não retornará a Catanduvas, uma vez que a exclusão dele do sistema federal já está confirmada. “Ele vai comparecer às audiências e não há possibilidade de voltar atrás”, explicou o advogado.

No entanto, um desdobramento interessante ocorreu quando a 3ª Vara Criminal Federal do Rio determinou que Glaidson deveria participar presencialmente de audiências nos dias 7, 8 e 9 de outubro. O que complicou as coisas foi a decisão da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Rio, que queria que ele permanecesse em Catanduvas, por considerar que sua presença no Rio poderia representar um risco.

Em prisões federais, como Catanduvas, é possível que os detentos participem de audiências pela internet. Mas agora, com Glaidson em Bangu I, as regras mudam. Caso não haja um novo entendimento entre as instituições, ele deve permanecer preso no Rio.

O juiz que decidiu por sua permanência em Catanduvas alegou que Glaidson poderia usar seu grupo para orquestrar crimes e fraudes com criptomoedas, o que acendeu um alerta entre as autoridades.

Um “Erro Grave”

O advogado Luciano Régis, que atua na acusação em um caso que investiga a morte de um trader, foi bem crítico em relação à decisão de transferir Glaidson para o Rio. Segundo ele, “o sistema penitenciário do Rio é uma bagunça”, e Glaidson já havia recebido regalias enquanto estava preso em estados. Além disso, o advogado revelou que Glaidson tinha ameaças contra mais de 15 pessoas.

De acordo com Régis, a única forma de garantir a segurança, tanto dele quanto da sociedade, é mantê-lo em um presídio federal, como já havia sido determinado até 2027 pela Justiça Estadual. “A decisão de levá-lo ao Rio foi um erro grave”, desabafou. Vale lembrar que a Justiça Estadual estipulou que Glaidson deveria permanecer em Catanduvas até janeiro de 2027, por conta de sua suposta liderança em crimes que vão além de fraudes financeiras.

A História do “Faraó do Bitcoin”

Glaidson e sua empresa, a GAS Consultoria, prometiam altos rendimentos aos clientes através de operações com criptomoedas. Contudo, as investigações indicam que, na verdade, era uma pirâmide financeira que movimentou impressionantes R$ 38 bilhões ao longo do tempo.

Ele foi preso em agosto de 2021, durante a Operação Kryptos, que levou outros membros de sua organização à prisão. Sua esposa, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, conseguiu fugir do Brasil e acabou sendo detida em Chicago em 2024, por estar em situação irregular nos EUA.

No momento da prisão de Glaidson, foram apreendidos 591 bitcoins, carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em dinheiro. Conhecidos próximos ao casal afirmam que havia uma clara divisão de tarefas: enquanto Glaidson cuidava dos relacionamentos, Mirelis gerenciava o dinheiro.

Em 2023, a GAS Consultoria foi citada na CPI das Pirâmides. Glaidson, durante o depoimento, não se foi poupado de críticas, chegando a ser chamado de “um dos maiores bandidos da história do sistema financeiro nacional”. Além de roubar investidores, ele também é acusado de comandar uma organização envolvida em homicídios relacionados ao mercado de criptomoedas.

Esses acontecimentos revelam a complexidade e os riscos associados ao mundo das criptomoedas, trazendo à tona questões sobre integridade e segurança no mercado financeiro.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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